O Sr. Padre Ilídio, Pároco da Paróquia do Santíssimo Redentor, Damaia, surpreendeu-nos, quando nos informou que a sua Paróquia estava a preparar, para o dia 19 de Outubro do ano em curso, Dia mundial das Missões, uma celebração de homenagem  e reconhecimento, às Missionárias Dominicanas do Rosário e ao Centro Social 6 de Maio, pelo trabalho que se realizou e realiza, a favor dos mais pobres e imigrantes.

Admiradas e muito surpreendidas aceitamos a proposta, embora quase tudo se mantivesse, até ao próprio dia, envolto em surpresa e desconhecimento do que poderia vir a acontecer

Tudo começou com a Celebração da Eucaristia festiva e com uma Igreja bem cheia. Durante a mesma, houve vários momentos alusivos à homenagem que queriam prestar, como por exemplo:

  • A menção dos Nomes, por duas vezes, de todas as Irmãs que viveram e trabalharam nos Bairros/Centro Social, incluindo os nomes das Irmãs já falecidas, assim como foram mencionados os nomes dos 3 Bairros.
  • A entrega, no Ofertório, de um painel de desenhos feitos pelas nossas crianças duma sala do Pré-Escolar
  • Um Certificado de Reconhecimento oferecido pela Embaixada de Cabo Verde

No momento de Acção de Graças a Representante da Embaixada de Cabo Verde agradeceu todo o trabalho que se tem feito, sobretudo a favor da Comunidade Cabo-verdiana. Na verdade, todo este Projeto começou, em 1976, por altura em que veio para Portugal um grande número de pessoas desse País e que começou a situar-se entre as Portas de Benfica e a Damaia de Baixo. Hoje, já é diferente, pois o tipo de população que o Centro Social serve é proveniente, de muitos Países do Mundo. Foi, ainda, destacado a excelente ligação que sempre existiu entre a Embaixada e o Centro Social, e a enorme ajuda que este sempre, sempre recebeu dessa Representação.

Uma ex-residente de um dos Bairros e Ex-colaboradora do Centro Social, também deu o testemunho que se segue:

Dia Mundial das Missões | 19-10-2025

Homenagem às Irmãs Missionárias Dominicanos do Rosário

De Lima para o mundo. 144 comunidades espalhadas por cinco continentes. Estão em Angola, Camarões, Moçambique e na R. D. Congo; estão na China, Filipinas, Índia, Taiwan, Vietnam, e Timor Leste; estão na Bolívia, Chile, Equador, Guatemala, México, Nicarágua, Peru, Porto Rico e Rep. Dominicana; estão na Austrália; estão em Espanha e em Portugal. Estão aonde ninguém mais quer estar, estão aonde são mais precisas.

Seguem, desde 1918, a voz de D. Ramon Zubieta e da Madre Ascensión Nicol, sempre à escuta do grito dos mais fracos, dos mais pobres, dos marginalizados, das vítimas de injustiça e, em particular, das mulheres.

São Missionárias. “Mulheres crentes, unidas pelo sonho de Jesus, de uma humanidade reconciliada. Acreditam na fraternidade universal e que é possível construir outro mundo a partir da diversidade e da riqueza de cada povo, comunidade e pessoa”, e por isso vivem em pequenas comunidades que compartilham vida e missão.

São Dominicanas. Buscam “na comunidade fraterna, através do estudo e da oração, as luzes necessárias para descobrir a presença de Deus no meio da nossa realidade, reconhecendo os sinais da vida e as sombras que atravessam a nossa humanidade ferida. É a Palavra de Deus que nutre o seu compromisso com o Reino e impulsiona as iniciativas e os projetos”.

São do Rosário. “Em Maria, reconhecem a fiel discípula, a mulher que trabalha e ora, que constrói a fraternidade, disponível, que se deixa amar.” Inspiradas por Maria, fazem do amor ao outro o centro das suas vidas.

Como diz a Irmã Deolinda, “Não se pode ser de Deus sem ser dos outros”.

E por isso, por onde passam dão tudo. Por onde passam dão-se. Dão inclusive a própria vida.

Por onde passam, calçam o sapato do Outro e percorrem com o Outro o seu caminho.

Por onde passam, lutam pela justiça, pela paz, pelos direitos humanos e pela igualdade.

Por onde passam, constroem pontes entre Deus e os homens e entre os próprios homens.

Por onde passam, semeiam coragem, esperança e luz e fazem nascer projetos na área da educação, da saúde, da promoção social e da valorização cultural.

Também passaram pelos Bairros 6 de Maio, Fontainhas e Estrela d’África (bairros que atualmente apenas existem no coração dos que lá viveram e cresceram) e fizeram destes bairros a sua casa. Palmilharam as ruelas estreitas, para alargar os horizontes dos que aqui viviam. Aqui, empoderaram mulheres, ensinando a ler, a escrever, a costurar, a serem autónomas. Aqui foram (e ainda são!) porto de abrigo e colo de muitas crianças que depois de crescerem nelas confiaram os seus próprios filhos. Aos jovens deram ferramentas para que os seus sonhos fossem do tamanho do mundo e não apenas do tamanho da casa minúscula ou do bairro em que viviam. Ensinaram a sonhar sem fronteiras. Cuidaram dos idosos, valorizando os seus saberes, os seus ofícios e a experiência de vida, procurando fazer da Terceira Idade uma Melhor Idade.

Por onde passam, ficam. Ficam nas palavras ditas, nas obras construídas e no coração dos que, em algum momento das suas vidas, foram tocados pela sua presença. E foram, tantos, tantos, tantos…

Maria Isabel Gomes Cunha  (Bela)

Em nome das Irmãs e do Centro Social, coube à Ir. Deolinda, agradecer este gesto tão generoso do Sr. Ilídio, Pároco da Paróquia da Damaia e a todas as pessoas da mesma, que se envolveram e trabalharam para que tudo isto acontecesse. Foi, ainda uma muito BOA oportunidade para, AGRADECER às Irmãs iniciadoras deste Projeto, em 1976, porque souberam dar-lhe motivações e bases profundas e sólidas, as quais são, ainda, as que nos orientam hoje. Foi, ainda uma excelente oportunidade para AGRADECER aos Colaboradores, alguns dos quais têm sacrificado as suas carreiras profissionais, e o montante dos seus ordenados, numa atitude de fidelidade a este Projeto. Não pode esquecer-se, ainda, as centenas de Voluntários e Amigos que, ao longos dos 49 anos, têm contribuído, e de que maneira, para que se realize tudo o que já foi feito. Sem todos eles, as Irmãs muito pouco podíamos fazer

Seguiu-se um rico e muito variado almoço, preparado e oferecido, com muito carinho por diferentes pessoas e Famílias da Paróquia, culminando tudo com um rico bolo, acompanhado com o cântico de Parabéns.

Por fim, é nosso dever, dar MUITAS E PROFUNDAS GRAÇAS A DEUS!

Outubro, 19 de 2025

Ir. Deolinda Rodrigues